quinta-feira, 6 de março de 2008

é uma luz diferente





É uma luz diferente.
Como penetrar estradas do interior,
caminhando a pé,
levando apenas consigo o silêncio.

O vento frio, o sol morno.
Tardes de junho.
E folhas secas que esqueceram o outono.
Deixa-me pisar suave,
como se o passo criasse
e fosse todo um universo,
para quem se estivesse integrando
e integrado com a terra úmida.

Há ainda ensolaradas
e claras tardes invernais!
E ainda existem suspiros
nas janelas toscas
e, no fundo,
sonhos românticos.
Como eram os avós
nos tempos de meus avós
e toda aquela cultura de vidas vividas.
Aquilo que lembra
e dá uma melancolia cheia de água.
Uma melancolia integrada e impregnada,
do último suspiro exalado de um sobrado.

Há pianos e dedos
a semear ventos, ares,
levando à atmosfera
retoques e perfumes,
e história, ou seja, memórias.
Será que eu me recordo?
Não sei se me lembro!
Não sei se me lembro!
Todos esses caminhos
rumo ao meu coração
e essa estrada e essa lembrança.

E os dentes, e a pele...

E sem necessidade,
sem pressa,
sem qualquer porquê,
um porquê substantivo
e tão desnecessário.
O espírito está no espírito
e as idéias surgem
como memórias
e tanta coisa esquecida.
Cada passo, na estrada,
retorna e me afasta,
e me deixa claro, limpo,
ao mesmo tempo me aquece,
e faz andar mais,
andar mais,
andar mais...










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