quinta-feira, 6 de março de 2008

de onde surge você




De onde surge você,
pálida,
nesta manhã
por entre os meus lençóis?

Desperto com teu hálito,
fresco,
a perfumar de dia,
um leito de flores do campo.

De onde surge esta figura esguia
a marulhar
a gaze dos lençóis?

Perde-se conta
das manhãs
descortinadas
na agonia da insônia.

Perde-se a conta
das dores e lamentos
ouvidas nas madrugadas
sem acasos.

Onde descobriste
o endereço do meu horizonte
para brilhar com luz vadia
e penetrar entre as cortinas
de meu catre?

Como fizeste
para desvendar a olhos vidrados
num horizonte sempre imutável?

E que trazia, sempre, a dor
em forma de luz matinal.
Como gotas de ferro fundido
a infiltrar nas têmporas...

Como fizeste?



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