esta noite beberei
o vinho de tua taça
e deixar-me-ei levar
pelo que insinuas
mergulhar-te-ei
em mentiras tuas
mais absurdas
cruas, de todo
entregar-me-ei
ao idílio, filho
etílico do vício
teu desde o início
quererei perder-me
em teus meandros
e lençóis bordados
instinto dos portais
tintos tais, profanos,
dos vinhos mais carnais
derramados tais
sobre os panos
teu espírito em reflexo
à taça jazente semi-plena
entre nós, circunflexo
laço, boca, cena
e a vaga-luz difusa
as mentes deixadas
ao acaso dos desejos
ensejos do porvir
e a luz desnecessária
entrega-se à noite
e o absinto de Netuno
afoga-nos em humores
quem eu? quem tu?
na comunhão de sentidos
na integração de fluídos
quem somos?
sábado, 15 de março de 2008
noturno vermelho
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