domingo, 2 de março de 2008

ser par e ser ímpar

O que é ser ímpar? Ser ímpar é ser aquilo que se é, sem ter que fazer concessões, ou seja, ser aquilo o que se realmente é.

Se não for assim, não haverá par; cedo ou tarde tudo irá para o espaço, porque ninguém tolera ter seus desejos massacrados por muito tempo.

Se ser par é abrir mão de si mesmo, não pode dar certo.

Mas ser ímpar significa ser só?

Se ser ímpar-ímpar-ímpar é uma desgraça que só. Então é necessário pensar melhor.

Acho que desde os 20 anos de idade nunca fiquei muito tempo só. Fui feliz em alguns momentos sublimes, fui infeliz em infernos de curta duração. Tudo entremeado por momentos de normalidade cotidiana. A maior parte da nossa vida acontece mesmo nesses momentos de normalidade cotidiana.

Se ser ímpar é ruim, pior é ser par quando não se está inteiro na coisa, quando é necessário ser o que não se é, quando a gente se sente parte de uma ópera bufa. Quando o outro lado faz exigências de mudanças, ou exigências de qualquer outra espécie que não permitem que o ser se desenvolva por si só.

Uma vez um amigo me disse: "ninguém entra no Paraíso de mãos dadas". Cada um tem seu próprio caminho, cada um o seu plano de vôo. Os desejos e vontades são personalíssimos, embora possam ser compartilhados em alguma forma de sintonia.

Mas, se encontramos alguém com quem vale a pena seguir junto boa parte da jornada, isso é bom. Mas é preciso entender a divindade que mora no outro. E saudá-la diariamente com o mais profundo respeito.

Nem que seja para ir embora.




Se um dia você for embora
Não pense em mim
Que eu não te quero meu
Eu te quero teu
Se um dia você for embora
Vá lentamente como a noite
Que amanhece sem que a gente
saiba exatamente
Como aconteceu
Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir
Chore se teu coração mandar
Mas não esconda nada
que nada se esconde
Se por acaso
um dia você for embora


em itálico: Danilo Caymmi & Ana Terra in "Meu Menino"



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