Acreditamos que todo relacionamento de pessoas em grupo deve ser mediado por regras. Pensa-se assim numa visão bastante genérica das relações humanas.
Desde que comecei a conviver com grupos em rede, tenho convivido com inúmeras tentativas de padronização de regras. E poderia dizer uma coisa: o grupo faz as regras e elas se estabelecem com a convivência. Há, portanto, necessidade do tempo e da vivência em grupo. Num grupo de aprendizagem em rede temos que pesar, interpolar e mediar pelo menos dois antagonismo:
a) de um lado a inexperiência digital, a estranheza ao meio, a timidez, o medo do erro, o receio da reprovação etc, coisas características de quem está começando a vivenciar um novo universo.
b) do outro lado antagônico há a uma posição daqueles que já dominam a tecnologia e o mundo digital e desejam objetividade e síntese para que seja mais útil aos seus propósitos.
Bem sabemos - e os economistas nos ensinam - que os recursos são escassos e exigem restrições. Mas, desde que se criou essa máxima racional, muito se viu passar pela avenida da existência humana. E hoje sabemos que a racionalidade não é, obrigatoriamente, a menor distância entre o ponto de partida e aquele que é o nosso objetivo. O rio, em sua sabedoria cósmica, nos ensina isso através de meandros.
E não é por coincidência que místicos iluminados e poetas adiantados no tempo utilizam o rio como parábola de vivência e aprendizagem.
Sabemos que estamos nos primórdios de uma Nova Era. Tudo está se transformando com uma rapidez quase que imperceptível aos nossos sentidos e compreensão. Mas já sabemos que a conexão em rede é o grande catalisador dessas transformações e falamos que a exclusão digital é uma barreira a ser vencida. Um ponto de mutação quase tão importante - talvez mais - que o analfabetismo. Assim, fiel aos princípios da sociedade em rede, preciso dizer aos educadores que:
a) não se desconectem uns dos outros, pois sem isso teremos que redescobrir a roda diversas vezes;
b) sejamos tolerantes com aqueles que julgamos ignorantes, pois a sociedade precisa de todos.
E eu, particularmente, quero escutar justamente aquele que não sabe. Ele tem muito a ensinar e eu preciso aprender sempre.
Assim, todos, ignorantes e analfabetos digitais principalmente, falem e escrevam bastante. Porque ao jogar a mensagem dentro da garrafa no oceano da Grande Rede, um dia, em muito menos tempo que se pensa, ela chegará ao destinatário e o elo com o futuro será permanentemente renovado.
A sociedade em rede admite tudo: menos o silêncio. O silêncio não precisa de tecnologia de meios, nem de sabedoria, nem de pessoas. É como uma sala de aula vazia.
quarta-feira, 12 de março de 2008
o silêncio em rede
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