quinta-feira, 6 de março de 2008

é um último suspiro de patriotismo

É um último suspiro de patriotismo.
Pensar em Brasil
numa última olhada para trás
antes de adentrar,
como ser do Universo,
numa nova vida ideológica.

Do Brasil resta um mercado.
Uma constelação de inconsciências
tocando um dia-a-dia de ódio
em meio à violência urbana.

Não resta nada!
Resta um mundo ensandecido,
explorado pelas empresas mundiais,
com padrões globais,
e dominado pelo rancor.

Onde começou? Onde termina o drama?
Não me cabe, não me apetece!
Até mesmo finjo que não sei,
não me anima dizer.

Não me cabe avaliar a fúria
de todo instrumental ligado à persuasão,
toda a tirania da comunicação,
todo artefato bélico intangível,
que dominou este povo.
Que levou a multiplicar,
multiplicar ou exponenciar, pobreza.
Não gosto de entender do mal,
nem mesmo para evitá-lo.

Hoje até sonho com natureza,
com praias calmas e marulhos.
Sonho com estrelas, com galáxias, imensidões,
com pequenices, com fugazes expressões de amor,
jogadas a esmo no cotidiano,
e desapercebidas e em seguida pisadas,
chutadas para o meio-fio,
onde, indefectivelmente, encontram um bueiro,
por onde se esgotam e se perdem.

Hoje penso em importâncias
e desimportâncias.
Me interessam as fugas,
me interessam as coisa sutis.
Não gosto da violência.
Não me sinto obrigado a amar
esta realidade forjada
pelos tiranos, pelos corruptos,
e seus capatazes.

Me interessa a paz bucólica,
ainda desconhecida,
do meu cérebro racional
e cheio de defesas.
Não sei direito
e nem mesmo acho
que devo sabê-lo tão bem
como se decorasse umas fórmulas
e aplicasse na veia toda a metodologia.

De repente toda a sabedoria pode ser,
simplesmente,
perceber a própria ignorância,
e buscar caminhos,
palavras e coisas e pessoas,
que nos entreguem ao destino.
A um destino mais brando e sensível.

Mas não sei. Sinto e pressinto desastres.
Não vejo saída feliz para esses homens.
Trato de acalmar minha dor
e viver um pouco melhor.
Essa tristeza de pensar tudo isso...
deveria ser, apenas,
uma longínqua lembrança.

Prometo a mim mesmo pensar menos.
Viver melhor,
dormir melhor,
amar melhor.
Aprender pequenas
coisas como grandes.
E grandes
como se pequenas fossem.
Aprender com o dia,
com as cores,
com o calor,
com crianças,
mas com crianças puras,
ainda não dominadas pelo satânico
e pela cultura
que as transforma em andróides.

Te juro,
eu até gostaria de escrever
textos progressistas,
ecologistas, marxistas,
etceteristas, e tudo o mais.
Mas não me animo.
Prefiro entrar no Eu próprio
e no dos outros.
Prefiro buscar
o espírito das coisas e dos seres.
Estes são imortais
e só morrem com a civilização.
E antes que algum louco puxe o gatilho.
Antes que tudo acabe...
gostaria de respirar um pouco.


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