horizontes plúmbeos
delineiam lágrimas
de minha amargura.
mas a tarde traz um reflexo
por de trás das nuvens.
nuances de beleza perdida.
um noturno premeditado
desde outra existência.
o piano indica
as pegadas do tempo.
as notas seqüenciadas
vibram nas cordas tensas
tocadas pelo martelete.
uma gota de sangue vivo
escorre, despreendida,
desde as pálpebras
e trai o racional dos dias.
que trai o prazer
acalentado no cotidiano.
o cadafalso assombreado
pela prata de uma lua côncava
trespassam
a cobertura das nuvens
que aveludam
a noite premeditada.
frestas de veneziana
vincam o meu sono.
e me levam,
no espectro do luar,
para paisagens indistintas,
nebulosas envolventes,
de carícias distantes.
a sutileza do veludo.
azul de prússia.
entorna-se sobre tal
a gema de um ovo,
um amor fugidio.
o toque do olfato
no cheiro da palha úmida,
a tristeza de casebre
nos cômodos de alvenaria.
a vaziez dos interstícios
o vácuo daquilo que preenche o espírito.
como incompreender?
como deixar de captar
os sinais do indivisível?
deixai apenas que a preguiça dos fatos
elevarem a mornidez dos instintos
e pactuem para que se cataclisme
lentamente
a hora chegada
e a ida para outro lugar.
quarta-feira, 12 de março de 2008
dias cinzentos
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