terça-feira, 30 de outubro de 2012

Casa de Bonecas sem Face








Acordo de meu sonho!
Olho pela janela e os horizontes se desestruturam.
A paisagem se deteriora e dissolve-se o céu laranja.
Não é um apocalipse.
São ideias de morte em minhas ilusões mais queridas
e que entornam o frasco de veneno,
sobre o tecido amarelo do sofá da sala.

Não, não são verdades!
São belezas que eu menti pra mim
e o dia conspirou para derrubar os cenários.
E invadir de um amargor cotidiano
a turbidez da casa de bonecas sem face.

Respiro o ocre que restou do apartamento.
Exponho as vísceras da agonia de meu desapego.
Sobra-me o desespero.
E cada vez mais sombrio transcorre
o meu dia, onde a luz surtou
e enxovalhou meus agasalhos
de uma baba de louca.
Restou uma vertigem fúnebre
e um enjoo da verdade óbvia.




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quietude



O coração está quieto demais.
Tudo ficou dentro do costume.
E o ser que somos não se admite
calado em meros costumes.

Ao negar a busca de 
um amor vestido de eterno,
submetemo-nos e nos capitulamos
prisioneiros de uma desesperança.

Mas a alma não se aprisiona.
E não se aceita em exílio,
mesmo que voluntário,
assiste a cena e observa
a inquietude sem meias palavras,
indizíveis palavras.