terça-feira, 30 de outubro de 2012

Casa de Bonecas sem Face








Acordo de meu sonho!
Olho pela janela e os horizontes se desestruturam.
A paisagem se deteriora e dissolve-se o céu laranja.
Não é um apocalipse.
São ideias de morte em minhas ilusões mais queridas
e que entornam o frasco de veneno,
sobre o tecido amarelo do sofá da sala.

Não, não são verdades!
São belezas que eu menti pra mim
e o dia conspirou para derrubar os cenários.
E invadir de um amargor cotidiano
a turbidez da casa de bonecas sem face.

Respiro o ocre que restou do apartamento.
Exponho as vísceras da agonia de meu desapego.
Sobra-me o desespero.
E cada vez mais sombrio transcorre
o meu dia, onde a luz surtou
e enxovalhou meus agasalhos
de uma baba de louca.
Restou uma vertigem fúnebre
e um enjoo da verdade óbvia.




Um comentário:

  1. Uau! Um dos melhores poemas que já li no meio de tanto lixo nessa internet!!!
    Abraço.

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