quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

silêncio das pedras

A minha poesia traz
o silêncio das pedras
e a memória de cadáveres impúberes.

Revela a persistência dos dias
e o naufrágio dos hábitos
e as conclusões vencidas
no barbeador elétrico.

Sim, sei...
não é o repetitivo relato das horas
que entedia o relógio....
e, sim, o seu pulsar perene
a escoar na sala de estar.

A cada segundo revelado
esgota-se a marca da ampulheta.

E a areia do tempo escorre
por entre os dedos crispados
que aprisionam o vazio
de túmulos violados.

A pálpebra desce e remarca
o sentido das horas.

O nada a fazer
senão a permanente busca
de uma fonte perdida.

Mistura-se no oceano
a água da nascente
de um novo dia.

Sabes bem...
que no vácuo de todas ambições
permanece a minha impotência.

Sinto-me frágil
e na flacidez das hipóteses
persiste o velho sonho
antigo e revelado.

Por que eu me preocuparia
em fraudar o absurdo?

Convivo com ele
na inesperança do desejo
marcado na complacência da carne.

Alvo fácil do projétil a esmo.

Por onde você se perde
todos os dias
dessa trajetória de tragédia?

Aonde persiste a memória
daquelas manhãs na relva?

O desjejum do toque previsível
no onírico das noites.

Revela-te para mim, ó metáfora divina!
Encontre meu pensamento
para que renasça o sentido.
Que volte a fluir o sangue
pelo coração de matéria-plástica.



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