quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

lua de concreto



A lente da objetiva,
demonstra ativa,
as fauces de mil lobos
sonâmbulos perdidos
na concretude de cimento.
Preâmbulos escritos a piche
no trampolim do nada.

Vergalhões abertos em bouquets,
trago de conhaque barato.
O som de buzinaria
a trespassar a parede vazia
de tijolos inexistentes.

Perdi o fio no extrato da Coty.
Um rato... no más!
A mesa tosca serviu de encosto,
recosto.
Sons de noite techno
em cenário de Feira de São Cristóvão.

A boca com gosto seco.
Um beijo.
Saciando o primeiro desejo
depois da ascensão lenta,
uma aventura noturna
entre andaimes, vigias e tábuas.

Finalmente
não havia mais nada
entre nossas carnes
e fibras nervosas.
Ali nos devoramos,
lobos mútuos,
saciando a fome da noite
e a sede de sangues.

- Grande plano!

Dois seres pontuais
na noite do cenário.
Em volta, luzes e sons.
Uma sinfonia de trânsitos,
flashs de faróis e semáforos.
Molduras retangulares das
janelas dos apartamentos
na hora do jantar.

Acima de tudo,
uma lua cinza
traçada a compasso,
guarda o gozo dos amantes.
Uma Lua montada na paisagem.
Uma Lua de cimento e
vergalhões de ferro.

- Fim de cena.












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