sábado, 23 de fevereiro de 2008

a paz do esquecimento


Houvesse o que houvesse, eu teria continuado. Mesmo, teria recomeçado, agora, houvesse o que houvesse. Não, não tenho medo da guerra. Não tenho medo do amor e nem do ódio que o substitui. Não tenho medo da guerra!

Tenho, porém, medo da paz que você me propõe: a paz do esquecimento. Desta eu tenho um medo inquietante, mas talvez seja mais uma emoção a ser vivida - me engano, te digo para que te sintas melhor e digas mais - o medo nunca deve ser uma barreira.

Mas a solidão do esquecimento é no começo leve. Dura é a aspereza que vem depois, depois de tanto tempo, vinda do vazio. Mais triste é propor a separação, quando se tem ânsias de carinho, pesadelos noturnos e vontade de ter ao lado a companhia agradável e prazerosa. Esta é a tua parte. A minha é acumular um número cada vez maior de emoções frustradas. Pura tragédia!

A paz do esquecimento no começo é leve, mas se transubstancia-se na paz mais inquietante do mundo. É a paz das emoções contidas e da falta de respeito a si próprio. Às vezes, é a paz das lágrimas na cama e dos arrependimentos precoces. Enfim, é a paz do desespero das dúvidas.

Não tenho medo do ódio que por ventura sintas por mim, não tenho medo da fúria abastecida por este ódio. Não tenho medo de ti, nem dos teus atos. Mas tenho medo desta proposta de banir esse sentimento.

Hoje avancei alguns dias. Dias pesados, difíceis, insuportáveis. Lembro umas de nossas passadas e, portanto, mortas. Como eu me recrimino por pensar pensamentos mortos!

Viver uma aventura é viver uma aventura. Não se sabe se vai sair dela. A aventura é uma aventura, não se sabe se vai sair dela.

Doce aventura que marca, aquela de me envolver na cama com o teu corpo e com tua alma.

Doce mistério que eu guardo, e que nunca saberás, no íntimo do meu íntimo.

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