segunda-feira, 15 de novembro de 2010

[Quando eu ensaiava com minha banda...]




Quando eu ensaiava com minha banda de rock a existência de um grupo em que cada um fazia a sua parte exigia presença. Não havia a possibilidade de estar apenas de corpo presente. Era necessária uma qualidade de presença que fosse atenta e participativa. A atividade em grupo exigia comunicação fluente e para isso a aprendizagem da teoria musical fornecia uma linguagem adequada para a interação. A execução das músicas com sincronicidade de ritmo e variações harmônicas exigia uma presença atenta e consciente de cada um dos participantes. A música não perdoava ausências momentâneas e as punia com o comprometimento da execução. Pensei que um grupo de aprendizagem, um grupo de pesquisa, um grupo de trabalho, deveria ser parecido com um grupo de música. E que a música é essencialmente permeada pela interatividade e com isso se produzia uma espécie de "espírito de grupo" que produz uma criação coletiva. Produz algo novo e gratificante para o grupo.





Um comentário:

  1. Acho muito válido que se escrevam pensamentos assim. Nem tudo tem que ser vaidoso de se vestir em versos.

    E a coisa da música,a analogia com outros grupos, sejam de trabalho ou estudo ou... Tem muito a ver. A música é uma coisa que se faz não só com intelecto, aliás, eu acredito mesmo num certo relaxamento, numa antitensão como producente. Porque quando eu tento pensar nas notas, quando eu tento sabê-las de cabeça, antecipadamente, raciocinar, ainda que seja um segundo antes de executá-las, elas engasgam. Sabe? Assim, se eu pergunto "Que nota é agora?", eis a maior probabilidade de erro!Mas é claro que o intelecto já terá atuado antes, quando eu li a música, quando eu peguei de ouvido ou li na partitura. Então a gente executa até transformar a coisa num "instinto". Porque tocar "pensando" que se está tocando não dá, tem que ser como datilografar, como que decorar um caminho para poder dançar nele sem se perder, sem ficar preocupado demais. Se soltar sem se perder! Assim, meus dedos sabem as músicas que um dia passaram por minha cabeça. E minha cabeça quando já esqueceu as músicas é que posso tocá-las com o "coração"!

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