sexta-feira, 17 de julho de 2009

agonia




não tenho culpa
e pouco posso fazer
pelos teus desenganos
e o vazio que te percorre

nem posso te dar mais
que um silencioso apoio
porque você nem permite
que eu esteja perto

não quero julgar
as tuas escolhas de hoje
e as que fizestes há tempos
não quero julgar, nem posso

é que eu te sinto morrer
a cada dia que passa
e vejo o quanto te destróis
a cada minuto do tempo

se as palavras de outros
cabem melhor tuas idéias
seria bom que ao menos
lhe dissessem 'te quero'

mas hoje ninguém se quer
e na solidão de teu quarto
passas o dia em penumbra
tu que vives da luz

te trancafias no exílio
na fome da inanição
e ninguém faz nada
só eu que noto

e no entanto tu não vês
nem de dia quando dormes
nem de noite quando gemes
gemidos sem som

e te destroem as horas
te carcomem os silêncios
e não fazes nada
e não fazem nada

um dia não ouvirei mais
os teus silêncios
um dia um dia qualquer
também estarei morto




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