terça-feira, 10 de março de 2009
de repente, a morte
De repente,
sem qualquer notícia de chegada
eis que a morte me olha
e me escolhe para companhia
"Não morrerás! Diz-me ela.
Padecerás de amargura,
sofrerás todas agruras e mazelas,
Mas não morrerás!
Até que me peças,
por clemência,
que te leve embora comigo."
Assim sendo,
eu com o coração de menino,
marcado pelas rugas
e degeneração de cartilagens,
onde cada passo se torna
um caminhar sobre punhais,
ainda queria viver.
Mas a vida só me reserva
o desterro de mim
numa velhice de todas as dores.
Agora não mais,
dentro da solidão
de todas as cercanias,
sendo cada movimento
de imenso sacrifício,
tendo o coração lancetado
pelas amarguras cotidianas,
e não tendo mais do que
desesperança como sentimento,
eu peço armistício.
Leva-me agora, Senhora,
eu não quero mais.
Já que me vês rastejar
no lodo do poço
em que me encerro.
Não quero mais nada!
Por clemência, leva-me!
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