domingo, 4 de julho de 2010

posta-restante




Não é só a tristeza de envelhecer. Não é só viço da pele que se vai, a turbidez melancólica do olhar. É a certeza de que todas as realizações se quedaram incompletas e levantar-se agora, para fazer o café, tornou-se um esforço difícil. Quanto mais para começar algo, mais difícil, ou menos pequeno. Há algum tempo os amores se tornaram poemas, ou pequenas notas depositadas na posta-restante de um futuro que se duvida. Faz tempo que a vida se torna ficção e tem reservado aos sonhos as suas melhores delícias. E assim se vai e transcorre o cotidiano. E assim se escoa o tempo que resta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário