quarta-feira, 6 de maio de 2009

constância





há uma distância
entre nós
entre as palavras
entre as sílabas

uma distância
sem gemido
apenas constância
impaciente

constância
da minha voz
tentando fingir
que sou o mesmo

mas o olhar
deixou de velar
os cuidados
de nossa cura

as mãos
pararam de afagar
os pequenos gestos
de sobrevivência

e na varanda
noite enegrecida
sem murmúrios
para minha surdez

e a porta
já está fechada
por causa do vento
que fala comigo

e esfria as canelas
as sandálias de dedo
o silêncio medonho
da noite sem fim



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