domingo, 11 de maio de 2008

de tudo que existiu





de tudo que existiu
ou sequer existiu
ou que houve um dia
ou sequer aconteceu
de tudo que foi
ou poderia ser
quiçá nada
de tudo aquilo
nada daquilo

não
não são lembranças
são sentimentos presentes
aqui e agora
cá comigo
talvez contigo

o que sei de ti
não és tu
é o que construí de ti
em mim
o que criei de ti
pode ser tudo de ti
pode ser nada de ti

eu te pintei com cores
talvez que não julgas ser
é porque nem eu
nem tu
sabemos de ti
tampouco de mim

eu coloquei nos teus lábios
a cor do desejo
eu imaginei o teu seio
me provendo este desejo

eu considerei
que existem ilusões
que valem a pena
de serem vividas
e esta vale

e se todas as cores
são cores imaginadas
criadas
metamordoseadas
eu te fiz uma proposta
de criação de um quadro

sim
porque o amor não existe
porque o amor é ilusão
mas podemos amar tal ficção

o amor cumpliciado
tramado no oculto de dois
é uma construção de arte
pela alma
de dois indigentes
que se perceberam

e assim é


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