segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Dezembro
Deita-me o veneno
de mais uma tarde sonolenta.
Permaneço deitado na cama
à espera de nada.
Ressono e sonho idílios
vestidos de salvação.
Mas há tanta desesperança
nesses sonhos diurnos.
Como se permanecesse desperto
ligado o sinal de alerta,
premido face à ilusão,
perturbadora,
de minhas saídas clássicas.
Minhas fugas místicas
que atravessam a tarde,
pintando-a de tênues brilhos
que travestem a cores
mortiças e fugidias,
os fantasmas dos mortos
que ainda pulsam.
São essas as tardes
que antecedem o desânimo
irreversível do tempo.
Não há esperança!
Apenas uma tarde que passa
com a brisa que sopra
e deixa mais vazia a alma
do amanhã.
São Paulo, 2013, dezembro.
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