segunda-feira, 27 de julho de 2009
[que não percebes nada]
que não percebes nada
além daquilo que te afeta
que te escondes no ninho
de tuas próprias vaidades
que usas o teu orgulho
como justificativa
para nada fazer
que nem sabes chorar
as tuas próprias tristezas
que zombas de ti
como zombas do outro
e não movimentas nada
porque tens medo de ir
para a tua própria solidão
que já estou farto
de tantas iniqüidades
que zombo na noite
como se não houvesse
possibilidade de um novo dia
que me entrego ao dia
como se não houvesse a noite
senti desejo de invadir
a penumbra que te abriga
e ali morar sem ser amado
e extrair de ti o sumo
de teu egoísmo insano
e alimentar-me dele
tornando-o imprescindível
segunda-feira, 20 de julho de 2009
mornidez
estou cansado
cansado de tantas palavras
tantas letras misturadas
e que não dizem nada
estou cansado
sílabas que apenas roçam de passagem
para um objetivo qualquer
efêmero e fugidio
num jogo de suposições
estou cansado
de compor uma epopéia
de mitos legendários
despidos de sorte ou de azar
nus de intencionalidade
estou cansado
de compor um mundo vazio
repleto de pequenas tristezas
sonhos imbecilizados
de crianças que envelhecem
estou cansado
de compor cotidianos de martírios
de tatear na névoa
a mornidez que me alheia
ao fundo de um cenário de neon
estou cansado
enfim, de focos de escuridão
de misturar minha carne
em cima de lençois encardidos
onde deposito minha fome
estou cansado
sábado, 18 de julho de 2009
Você mudou!
Claudio Fagundes - You've Changed
Você mudou
Aquele brilho em seus olhos se foi
Seu sorriso é só um bocejo descuidado
Você é quebrou meu coração
Você mudou
Você mudou
Seu beijo é agora tão sem sabor
Você está chateada comigo sempre
Eu não posso entender
Você mudou
Você esqueceu as palavras
Eu amo você
Cada lembrança que nós compartilhamos
Você ignora toda estrela acima de você
Eu não posso fazer o que você já gostou
Você mudou
Não é o anjo que eu uma vez conheci
Não precisa dizer a mim que estamos fartos
Isso está em tudoagora.
Você mudou
You've Changed (B. Carey & C. Fisher)
Sou eu mesmo que interpreto.
Você mudou
Aquele brilho em seus olhos se foi
Seu sorriso é só um bocejo descuidado
Você é quebrou meu coração
Você mudou
Você mudou
Seu beijo é agora tão sem sabor
Você está chateada comigo sempre
Eu não posso entender
Você mudou
Você esqueceu as palavras
Eu amo você
Cada lembrança que nós compartilhamos
Você ignora toda estrela acima de você
Eu não posso fazer o que você já gostou
Você mudou
Não é o anjo que eu uma vez conheci
Não precisa dizer a mim que estamos fartos
Isso está em tudoagora.
Você mudou
You've Changed (B. Carey & C. Fisher)
Sou eu mesmo que interpreto.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
agonia
não tenho culpa
e pouco posso fazer
pelos teus desenganos
e o vazio que te percorre
nem posso te dar mais
que um silencioso apoio
porque você nem permite
que eu esteja perto
não quero julgar
as tuas escolhas de hoje
e as que fizestes há tempos
não quero julgar, nem posso
é que eu te sinto morrer
a cada dia que passa
e vejo o quanto te destróis
a cada minuto do tempo
se as palavras de outros
cabem melhor tuas idéias
seria bom que ao menos
lhe dissessem 'te quero'
mas hoje ninguém se quer
e na solidão de teu quarto
passas o dia em penumbra
tu que vives da luz
te trancafias no exílio
na fome da inanição
e ninguém faz nada
só eu que noto
e no entanto tu não vês
nem de dia quando dormes
nem de noite quando gemes
gemidos sem som
e te destroem as horas
te carcomem os silêncios
e não fazes nada
e não fazem nada
um dia não ouvirei mais
os teus silêncios
um dia um dia qualquer
também estarei morto
domingo, 12 de julho de 2009
segredo
neste silêncio que nos guarda
apenas a compreensão calada
de palavras sem precisão
de ser escrita ou falada
assim, sabemos de alguns limites
sabemos, ainda, da percepção do outro
que cada dia avança um bocado
e são assim os encontros
meu ser se agasalha no teu
te encontra imagem invertida
do ser que habita em mim
moro em ti, como moras aqui
num convívio de inevitável desejo
cada um respira a sua atmosfera
mas o sangue que percorre as vias
irriga o corpo, os pelos, a pele
são condutores de um sentido
um segredo perceptivo e morno
mas a lógica ensinou verdades
que segura o desejo e inibe
mas o desejo é bom quando se sabe
mergulhar na confiança aos poucos
sabe-se que há alimentos vitais
que não podem ser deixados de lado
e cada vez que vejo esse compreender
mais incorporo a razão no amor
quando se entra em estado de empatia
e é um segredo quieto que fala
e fala baixo só no ouvido de cada
e diz o que precisa e pode ser dito
e estabelece assim um respeito
de um pelo sagrado do outro
e assim se desenvolve a vontade
mesmo que ainda não tenha proposta
um plano secreto de entrega
sensorial que ecoa no corpo
e há aqui um segredo sagrado
dentro de uma intimidade profunda
porque há de se ver que a vida
precisa caminhar na via do mundo
sábado, 11 de julho de 2009
um beijo em bolero
não sei se te cabe
lembrar de instantes
flashes de palavras
ditas de passagem
em meandros de fios
pensamento que voa
são alegrias morosas
encontro sem hora
entre coisas difusas
a engendrar raciocínios
em razões e empatias
e pequenos detalhes
talvez fosse cedo
que viesse a noite
e eu esquecesse
na bagagem das horas
do peso das coisas
vividas há tempos
as horas fluindo
o tempo se deixando
ficar na preguiça
e deixar-se esquecer
que há compromissos
distantes agora
e tu não lembraste
das pequenas promessas
que juraste lembrar
e a noite bebeu
imersa nos lábios
em sussuros sem penas
seria como do nada
de repente um murmúrio
num beijo tão cúmplice
dum elo escondido
guardado em segredo
que se desse a saber
quarta-feira, 8 de julho de 2009
inclemência
tu me evitas
e disfarças
na delicadeza
o teu instinto
o encontro
está marcado
mesmo enquanto
estás fugidia
eu evito também
prever uma hora
de possibilidades
marcadas e certas
brinco de infinito
mas meu olhar
sabe muito bem
das circunstâncias
não é prudência
é cuidado
é conhecer-se
perceber-se em ti
sabemos o caminho
ele é evitável
uma escolha de ser
melhor ou pior
não interessa
busco a minha cura
no silêncio que diz
que apenas espero
mas sei do risco
que tu mergulhas
na noite que bate
a paixão calada
daí voas do nada
eu fico no nada
olhando de longe
sem te ver partir
e mais uma vez
tu vais inteira
teu caminho é ir
sem olhar atrás
[há um ruído sutil]
há um ruído sutil
na tua voz,
quando me conta
das amarguras
da vida
eu guardo meu livro
na mesa de cabeceira
e penso em ti
e esse pensamento
é quase uma oração
passa despercebido
há palavras que não
quero dizer agora
porque minha razão
está no mode te amo
e guardo isso
com delicadeza
de preenchimento
penso em ti
em milagres
deixo sempre
a porta aberta
para ir ou ficar
seria questão ou coisa
para o meu demônio
mais puro, pensar
sonhar e ansiar
e no entanto
todos os dias
sobram as horas
em que medito
e me vou
vôo infinito
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